quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Técnica Vocal para o Canto Lírico


A técnica vocal vem se desenvolvendo gradualmente através da prática e dos estudos realizados por especialistas. Foi através do canto lírico que se iniciou os estudos da técnica vocal, estendendo-se para o canto popular e suas vertentes.

O primeiro ponto de estudo para a técnica do canto é a respiração. Os músculos da respiração são os pilares do canto, e o diafragma é o principal deles. Músculo divisor, situado entre o tórax e o abdome. Muito ativo, sobretudo quando cantamos, desempenha relevante papel no decorrer da emissão sonora, e sua acentuada presença no canto é fruto de uma correta respiração.

Muitos anatomistas e fisiologistas consideram o diafragma como o segundo músculo mais importante do corpo depois do coração.

O diafragma é descrito como uma forma de cúpula, um pouco mais alto no lado direito; diz-se que se assemelha a uma tigela invertida. Ele consiste de fibras musculares que têm origem nas bordas (da abertura inferior) do tórax. Seu trajeto é para cima e para o centro mediano. Quando se inspira, abaixa-se, contraindo-se, arrastando consigo a base dos pulmões, verificando-se uma ligeira elevação do tórax. Na expiração, levanta-se, relaxando-se, comprime os pulmões expulsando o ar. Quando inspiramos o ar passa pelas narinas, boca, faringe, traquéia e finalmente brônquios, pulmões e alvéolos, realizando a troca gasosa e de imediato a expiração.

Os músculos intercostais, as cartilagens que unem as costelas e o diafragma garantem a elasticidade da caixa torácica e, consequentemente a dilatação dos pulmões que, devido a sua permeabilidade, asseguram o ar pleno exigido na emissão sonora. O ar pleno é a soma do ar residual e o ar que inspiramos.

Quando inspiramos, o tórax se expande, contudo, não significa que estamos usando as costelas superiores, e sim distribuindo energia por toda a gaiola torácica. O diafragma é um músculo involuntário e os abdominais são músculos voluntários, assim, o diafragma é secundado pelos abdominais, isto é, na expiração necessita da ação voluntária desses músculos por serem seus principais auxiliares.

No canto, a respiração deve ser diafragmática-intercostal, sendo a torácica superior danosa para a voz, por determinar o enclausuramento do som na laringe. A inspiração deve ser tomada pelas narinas e pela boca simultaneamente. Esse tipo de inspiração é feito pela ação natural do diafragma e com a abertura das costelas inferiores, propiciando a devida flexibilidade do mesmo. O ar deve ser bem dosado, sem exageros para não causar tensão ou uma espécie de afogamento. A retomada do ar precisa ser curta e bucal, por que esse tipo de inspiração atua diretamente nas costelas inferiores , garantindo sua expansibilidade e assegurando o ar pleno.

Durante a emissão de voz, entende-se que o diafragma deve estar na posição de expiração, ou seja, levantado sem contração e contando com a ajuda dos músculos abdominais. A participação desses durante a emissão é de acentuada importância por serem, juntamente com o diafragma, os sustentadores da coluna sonora. A ação desses músculos precisa ser elástica, descontraída e maleável, o que deixa a voz macia, leve e solta. Quando estão rígidos, os sons ficam apertados, os agudos possivelmente serão quebrados e o esforço transparecem na fisionomia do cantor. A característica dominante de uma boa respiração está em manter o equilíbrio balanceado e estável dos músculos abdominais e diafragma.

A respiração deve ser trabalhada constantemente como um exercício físico, assim o cantor poderá desfrutar de um bom desempenho vocal. A pesar de enfatizarmos os órgão mais específicos da respiração como, o diafragma e os pulmões, é mister salientar que, o cantor deve fazer uso (no sentido de apoio) de todo o seu corpo, ou seja, da cabeça ao calcanhar. Abrangendo-se então, músculos, órgão, nervos e ossos. Quando cantamos, o ar que vem dos pulmões passa pela traquéia, em seguida pela laringe e finalmente pelas cordas vocais.

O processo de emissão de voz tem como principal elemento de ressonância a cabeça, que por sua vez, funciona como uma caixa de som. Toda a face, do queixo ao topo da testa exerce essa função de caixa de ressonância. As cordas vocais juntamente com a abertura da boca formam a principal fonte sonora, contudo, os poros e as aberturas existentes entre os dentes superiores à testa, considerando-se toda a área facial, também possuem função de emissores sonoros.

Na prática, o canto funciona da seguinte forma: Inicia-se com a respiração diafragmática-intercostal, emitindo-se o ar pela sua respectiva passagem por entre o corpo e emitindo a voz pelas cordas vocais que, por sua vez, desfrutam do auxílio dos demais órgãos articuladores e da caixa de ressonância.

A hora da emissão de voz é crucial para a determinação do cantor, com relação ao apoio que deverá ser exercido pelo mesmo através do corpo. Esta execução deverá ser tomada de acordo com a altura da nota a ser emitida. Com a automatização do canto, o cantor pratica essa ação com naturalidade, principalmente quando executada em sua tessitura. A necessidade de emitir notas baixas faz com que o cantor pense para cima, colocando-se então, intencionalmente, a voz para a parte superior da cabeça.

As notas altas ou agudas deverão ser pensadas para baixo colocando-se então, intencionalmente, a voz no ponto central, entre o palato mole e a epiglote. Essas sensações, sendo ainda mais detalhadas, tomam-se a um valor empírico, ou seja, varia de acordo com a fisiologia de cada corpo.

Independentemente do tipo de voz, a técnica vocal é exercida com o mesmo procedimento, variando-se obviamente, quanto à tessitura (extensão vocal) e a referencia do timbre para cada tipo de voz especifico.

Existem dois registros de voz para os homens. O primeiro é conhecido como falsetto (a voz de cabeça/voz aguda), o outro é a voz de peito (a voz baixa/grave).

O falsetto é executado com as cordas vocais “falsas” que se encontram próximas às cordas que produzem o som real. Em sua execução podemos obter um som refinado e suave, semelhante a uma voz feminina. A voz executada pelas cordas reais parece em sua sustância, mais forte, com mais ganho; são conhecidas como voz de peito, quando executadas em baixa escala.

Na execução do canto pode ocorrer quebra de voz, caso o cantor(a) não estabeleça o devido apoio para a emissão da voz. Isso acontece geralmente nos agudos, que exige do cantor técnica suficiente para que não haja falha. Não existem regras para o apoio vocal, mas sim, meios para a orientação, contudo, isso dependerá das necessidades de cada um.

Uma das técnicas para o apoio vocal é a concentração de apoio no umbigo, exercendo nesse ponto não a força especificamente, mas sim, um apoio para a devida emissão do agudo. Caso o cantor(a) necessite de um apoio maior, o ponto poderá ser os glúteos. Em caso de voz ligeira, ou passagens rápidas nas notas agudas, o cantor(a) poderá flexionar discreta e rapidamente os joelhos.

O procedimento para o estudo da técnica vocal propõe, além da respiração correta, a colocação da voz em seu devido lugar, para evitar o desconforto e os danos que podem ser causados a todo o aparelho vocal.

Cantar livre e facilmente, consiste em cantar com a voz em seu lugar correto, ou seja, com a voz bem empostada, evitando maus hábitos que poderão ser prejudiciais ao aparelho vocal e, ao resultado sonoro.

O praticante do canto, deverá então exercitar a respiração para obter resistência e controle da mesma através dos músculos e órgãos de articulação e, exercitar também sua ressonância, a fim de colocar a voz em seu devido lugar e obter harmônicos suficientes para abranger o máximo de espaço livre possível em ressonância.

Para o desenvolvimento da extensão vocal, o cantor deverá praticar vocalizes que, por sua vez, exercem a função de alongamento, estendendo-se do grave para o agudo, fazendo-se uma escala ascendente e descendente, de acordo com o tipo de voz que esteja sendo trabalhada.

Todo e qualquer bom cantor deve sempre aquecer sua voz antes de um ensaio e ou apresentação. Este procedimento inicia-se com o aquecimento que, é feito inicialmente flexionando os órgãos orbiculares da boca, com movimentos que são auxiliados pela respiração, fazendo-se então um som semelhante a um motor de motorcicleta. Em seguida, flexiona-se a língua de forma semelhante, a mesma irá auxiliar para o aquecimento da laringe. São usados também movimentos laterais e frontais com a cabeça, flexionando o pescoço. Além disso, pode ser feito também exercícios leves para todo o corpo.

Após o aquecimento o cantor fará um alongamento por meio de vocalizes e, em seguida, poderá cantar com êxito. Depois do canto é necessário também um desaquecimento que deve ser feito com os mesmos ou similares exercícios, mas que sejam mais leves e de menor extensão.

O canto exerce uma função instrumental de característica natural. O cantor é um instrumento vivo que requer cuidados especiais e que propiciam com maior naturalidade o poder do homem na arte da música.

A preparação para um cantor lírico leva no mínimo cinco anos, contudo, há quem diga que o mesmo cantor somente estará preparado depois de dez anos de estudo.

O canto lírico caracteriza-se por seu lirismo e erudição, por isso, é notável em execução do mesmo a essência da poesia através do canto, que é executado com técnica, voracidade e interpretação.











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